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ALMA​/​/​ATA

by ALMA ATA

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1.
CLARO Claro, ainda te vejo. Não sossego, é suposto. Guardo memórias que odeio, em desespero, desde que foste. Parvo, este desejo de ser sincero, é de mau gosto. Gasto do que entristece, sobrevivo ansioso. Não é que um dia são semanas, depois meses, depois anos. E da minha nuca emana todo o peso dos teus planos. É a vida que me escapa no rasto da tua presença. Até que o perdão me inunde, num acesso de consciência. Claro.
2.
UM DIA Não vais sentir a minha falta, eu vou no foco da aurora. Eu vou crescer como uma árvore e não cair como uma folha. Um dia ser um cosmonauta e ver o mundo daqui de fora e acenar à casa-base, viver uma vida nova. H2O2. Não vais sentir a minha falta. Enquanto emigro, invento a roda. Eu vou voar como uma ave e não pairar como uma bolha. Um dia perco as coordenadas e só descanso na minha cova. Escrevo o mundo numa frase. Grito-o numa língua nova. H2O2.
3.
DOCUMENTOS Até documentos foram árvores, um dia. Até ferramentas foram arte, um dia. Até documentos foram árvores, um dia. Até ferramentas foram arte, um dia. Para constar, estou contente com o pouco que me resta. Se quem cala, consente, então não tenho pressa. Só com calma e com tempo o corpo regenera. Será delírio ou pouca sorte? Uma ninfa que me acuda(!) E vou parar a qualquer porto - saio onde não há culpa. Até documentos foram árvores, um dia. Até ferramentas foram arte, um dia. Até documentos foram árvores, um dia. Até ferramentas foram arte, um dia. Se, ao voltar ao presente, o meu leme se quebra; Vou gritar contra o vento, neste barco de pedra. A remar para dentro - se abrandar, ninguém espera. Não tenho alívio e estou tão farto. Seguro o mundo de luvas. E vou parar a qualquer parte - caio onde manda a chuva. Até documentos foram árvores, um dia. Até ferramentas foram arte, um dia. Até documentos foram árvores, um dia. Até ferramentas foram arte, um dia.
4.
CUTA Até se eu pondero os teus seios como busto imperfeito, é tudo uma questão de contexto. O "todo" e a "parte", abordagens de arte. Ouro e porcelana fundidos, É tudo uma questão de contraste. Beleza canónica é um erro, guarda para ti o segredo. Remo-te o cabelo contra o vento. Olhos nos ombros, se te apago o passado. O teu espanta-espíritos personalizado. Perfeito é não ser perfeito. Até se eu invento um pretexto e arranjo defeito, é tudo uma questão de conceito. Ao ver-te calcar o passeio, Caminhas pelo meio da gente e sentes que é tudo uma questão de plateia. Dogma para mim é veneno, espalho o meu sal no terreno, cavo o local do enterro. Madeira, ferro e olhos vendados O teu crucifixo personalizado. Perfeito é não ser perfeito.
5.
POMAR E as vozes doutro baile entoam uma canção da sua tristeza. Mesa posta para ninguém jantar. Se Lisboa fosse pomar, o campo dividia-se, e vivia-se em gomos de incerteza a incubar. Que tímido barco de símios, é facto. Serve-me mais um copo de vinho, que eu não volto a este bar,sabes; Identifico-me com todos eles. E as ondas doutro mar entoam uma canção da sua beleza, que eu não sei bem como recusar. Eu sonho em descolar. E agora a terra abria, dividia-se pelo mundo sem grilhetas, a flutuar. (E eu sei que não vi tudo.) E eu vou cruzar os braços, dar as costas. Saltar, logo se vê doutras apostas.
6.
CAPITAL, 28-04-19 Enfrento a dor que me enguiçaram, afogo-me num planeta de erva. Dispo um bosque a cada trago, esgoto rápido as reservas. Numa fuga improvisada, vou correndo meio às cegas. E escrevo um mundo feito à pressa. E escrevo um mundo feito à pressa. 28-04-19, Dorme-se o sono de quem devora latas de atum ao natural. Arestas da mobília que apodrece fazem-me comichão nos olhos, artista faminto da capital. O eco do meu quarto dá vertigens, e adora. O eco do meu quarto dá vertigens. E agora? E face à dor que me enguiçaram, isolo-me num planeta de erva. Como um coelho amestrado, esgoto rápido as reservas. Numa jaula aprisionado, vejo o mundo pela janela. Neste distanciamento, galgo paredes em verso. Banhos em cama ardente, a ver se estorrico uma peça. Visto um ar dormente: creio que o mood é sépia. Existência-meta-existência-meta.
7.
DEIXA-ME IR Deixa-me ir. Nós não somos uns dos outros e ainda que fôssemos, calhava tão bem. Só mentir nos afasta uns dos outros e pouco a pouco, ficávamos tão sem... ficávamos tão sem... O que há de vir é do domínio dos druidas, ou doutros magos, os nomes não sei, os nomes não sei. Omitir não é zelar pelo que cuidas, é contorná-lo, e aos outros também. (deixa-me ir, deixa-me ir)
8.
ESQUISSO Estás tão calada, querida. Traz a tinta da china. Um esquisso que esboce a linha, diz-me isso na nossa língua. Atravessa, comunica. Com nós de amor nas letras. De quem é a culpa, vida, quando as palavras secam?
9.
NÃO MINTAS Não mintas, bate a porta. Olha o sol a querer nascer. Se me obrigas, cepa torta. Ao que eu não quero fazer. Só não digas, Só não finjas. Corta a sina em dois e nós dançando em redor dela. Aprendi a dançar pela tua mão.
10.
GRAÇA Fui dar um giro à Graça, (eu) para me ouvir pensar. Em casa, o tédio teima em querer arder. E eu já não sei como o ocupar. Vim ver um céu diferente, lavar a vista em gente… E sentar-me em silêncio enquanto o ar renova no meu quarto. E se a tristeza passa? Todas as memórias que odeio são preciosas. Ando o tempo todo a encontrar-me na minha prosa. Cobre a mente de molho, sai tabaco pelas mucosas. Espalho todo o sal que tenho sem saber a causa. Como um cão que morde, sem notar, a própria cauda. Todas as memórias que odeio são preciosas.
11.
ALVORADA Espreitas pela porta, sussurrando. Esbarras de asa-delta com os meus planos. Olá, alvorada, numa orla enevoada, cá te esperamos. Sei que a vida é torta, mas tentamos dar-lhe sempre a volta, passam anos. Olá, alvorada, numa orla enevoada, cá te esperamos.
12.
MÃE, NASCI PARA SOFRER (nada em meu nome) (...)língua a saber a papel Se a ansiedade apresentasse o último modelo, era eu.(...) Fado duro, menino de barro: Burro a olhar para um castelo. Se a cidade nomeasse o mais perdido, era eu. Jazo bruto tipo Baco: Língua a saber a papel Se a ansiedade apresentasse o último modelo, era eu. Surdo, mudo, triste, baço: O coma é o meu quarto de hotel. Se esta casa vomitasse o filho do ventre, era eu. Vago, escuro, hirto, fraco: Corpo suspenso em cordel. Se esta voz enfim ecoasse, o fim do mundo era eu. Faz um arco, aponta longe. Sinto-me vago, muito amorfo. Sinto que estrago tudo em que toco. Gritas alto, fá-lo em sopro. Cria, cede. Fome, sede, acabas entre o ser e o não ser. Lá veio ao mundo, pálido e sujo, filho de um bruxo que te avisa e teu amigo é. Tudo aquilo que eu toco morre triste e devagar. Traço um círculo à minha volta e apodreço quem entrar. Tenho o toque de merdas. (nada em meu nome (...)Lá veio ao mundo, pálido e sujo, filho de um bruxo que te avisa e teu amigo é.)

about

Artwork by Allistair Walter ( www.instagram.com/alliztair/ )
Master by Zé Poças ig @zepocas.mixing Zepocas.com

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released August 30, 2022

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